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Terrorspectiva #2: Os Melhores Livros de Suspense Policial de 2014

   Livros de suspense são aqueles que conseguem manipular as emoções do leitor simplesmente por flertar com o desconhecido, causando incerteza e ansiedade com relação ao desenrolar-se e rumo dos acontecimentos. O que mais gosto no gênero são os vilões, aqueles assassinos cruéis que fazem da cena do crime sua obra de arte, que trilham os mais escuros caminhos do coração em busca de vingança, que planejam os crimes mais fantásticos em busca de reconhecimento ou senão apenas aqueles que matam apenas por ser parte de sua natureza. A ficção policial também produz sua inquietante cota de protagonistas anti-heróis que fazem valer sua própria justiça sangrenta. Minha referencia na busca de leituras do gênero é a Coleção Negra da Editora Record, o maior catálogo nacional de livros de suspense abrangendo desde os grandes autores renomados até aqueles desconhecidos do grande público. Confira as melhores leituras deste ano:




Não Conte a Ninguém de Harlan Coben
   Harlan Coben foi a grande descoberta literária do ano. Demorei a tomar iniciativa para ler o autor principalmente por ser um pouco avesso a best-sellers que caem no gosto popular, meio contraditório isso vindo de um fã de King mas, as opiniões dos leitores começaram a me chamar a atenção por um ponto central em suas obras, a capacidade de surpreender e enganar o leitor durante o livro inteiro, não há como adivinhar os rumos da trama ou o verdadeiro segredo por trás do segredo até acabar de ler a ultima linha de seus romances. Este formato de história me agrada bastante, pois mexe com o adolescente que cresceu lendo Sherlock Holmes e sempre tentava adivinhar os finais dos livros quando chegava a um evento importante. O primeiro que sempre conseguiu me surpreender foi Stephen King, achei que O Iluminado e Zona Morta me preparariam para o que iria vir em O Cemitério, mas estava enganado. Depois Jeffery Deaver, com as fantásticas histórias de Lyncon Rhyme e suas reviravoltas ainda mais fantásticas ainda, O Colecionador de Ossos, Lua Fria, A Cadeira Vazia. E Então quando penso que nenhum outro autor me faria se desesperar por um personagem, como os dois acima citados, surge Harlan Coben.
   Não Conte a Ninguém é aquele tipo de livro despretensioso, com uma história que a primeira vista é inocente, a trama começa a tomar ritmo aos poucos, não é possível ver com exatidão a divisa ou quando isso acontece, mas há um momento durante a leitura que você se vê escravizado. De alguma maneira a história conseguiu te absorver e fazer com que seu coração entre no ritmo das linhas. É praticamente impossível interromper a leitura depois disso. Harlan Coben ainda sabe como ninguém produzir um clima de eterna dúvida como ninguém, enquanto a leitura se desenrola pela primeira vez não conseguimos nem sequer chegar perto do verdadeiro criminoso, mas quando sua identidade é revelada nos sentimos até que meio bobos por não ter notado as pequenas dicas que estavam ao longo da obra. Agora sei o verdadeiro motivo da fama de Harlan Coben, assim como Stephen King, ele conseguiu retratar os horrores e tensão do gênero de uma maneira mais simples e direta, fazendo com o próprio leitor se sinta ameaçado pela história que adquire o status de que pode acontecer a qualquer momento, com qualquer um. 



    Michael Connelly é um dos autores de livros policiais que divide opiniões entre os leitores, seus livros ganharam grande destaque na Coleção Negra da Editora Record e atualmente está sendo publicado pela Editora Suma de Letras. Tem uma grande e variada obra publicada no Brasil, mas nenhum livro conseguiu chamar a minha atenção em especial, ano passado havia lido Echo Park, um livro da saga do protagonista Harry Bosch, que possui uma boa história, mas que acabou sendo eclipsada por outros títulos que acabaram se apresentando uma leitura melhor. O que meu chamou a atenção para O Poeta foi primeiramente o prefácio de Stephen King, nunca o havia visto fazer tantos elogios a outro livro e realmente ele gostou tanto que listou a obra como leitura obrigatória para novos autores em On Writing. King chegou a chamar a obra de clássico. Só o vi utilizar o adjetivo apenas uma vez antes, para falar de Os Mortos-Vivos de Peter Straub. O Poeta é um serial killer chamado assim por deixar em suas cenas enigmáticos poemas de Edgar Allan Poe.


    Stephen King escreveu para o The Times comentando suas leituras e os lançamentos mais quentes da temporada, revelou estar bastante contente com um livro chamado The Shining Girls de Lauren Beukes. Encontrar bons livros de horror e suspense escritos por mulheres no Brasil é bastante difícil. Mesmo no anos oitenta o ápice do gênero por aqui poucas foram às publicações que logo se saíram de catálogo como, por exemplo, Shirley Jackson e ainda outros nomes que ficaram desconhecidos dos leitores brasileiros como Tanith Lee, Kathe Koja, Melanie Tem, entre outros... Mas a verdade é que isso está mudando, ultimamente as mulheres passaram a ganhar renome entre os leitores como Karin Slaughter, Tess Gerritsen e Chelsea Cain. Lauren Beukes faz parte da nova geração de escritoras premiadas que estão dominando o mundo com seus livros e ideias. Nessa mesma onda vieram Os Três de Sarah Lotz e A Menina 
Submersa de Caitlín Kiernan. 
   Iluminadas traz a história de um serial killer que viaja no tempo para fazer suas vitimas, que sempre são garotas especiais, "iluminadas" como as chama, mas que todos as outras pessoas são normais e aparentemente não possuem nada que as ligue entre. Ao longo dos anos os crimes aumentam e o número de casos sem solução cresce na mesma proporção, porém sua jornada atemporal sanguinária entra em colapso quando descobre que uma de suas iluminadas conseguiu sobreviver a uma garganta cortada. Agora ela o está caçando.


Ilha do Medo ou Paciente 67 de Dennis Lehane
  Dennis Lehane é um autor fenomenal, há algo em seu estilo de escrita que consegue atingir o seu coração de uma maneira selvagem, beirando as raias do cruel, mas ao mesmo tempo conseguindo um tom narrativo assustadoramente real. O primeiro livro seu que acabou em minhas mãos foi Entre Meninos e Lobos, a maneira como a história é contada, como a dor transforma as pessoas, vínculos se formam e se desfazem transformam cada segundo de leitura em algo precioso. Com Paciente 67 não é diferente, eu já havia visto o filme e sabia o segredo por trás da trama por isso me ressentia de ler, mas o autor tem uma capacidade fantástica para transportar o leitor dentro da história, o suspense que envolve o hospício é tão clausurante e claustrofóbico que sua mente não consegue se concentrar em nada que não seja o agora. Em caminhar com cuidado em meio a toda a loucura que impregna o local. De um modo estranho é parecido com Não Conte a Ninguém, com relação à confiança que um relato assim produz no leitor.


   Intensidade é um  dos primeiros livros que surgiram após Dean Koontz parar de escrever sobre o sobrenatural, seu estilo narrativo pouco mudou a mesma velocidade e tensão que permeiam suas páginas também são concebidas neste romance, porém a diferença está na duração da trama que se desenvolve no decorrer de algumas horas ou dias, nunca ultrapassando esse tempo. A nova jogada de Koontz está em pegar uma pessoa normal, que poderia ser eu ou você, e inserir o caos em sua vida, em um turbilhão de fúria e morte que destroem toda a realidade de segurança que havia, obrigando o protagonista e lutar pela sua vida muitas vezes passando por cima de códigos éticos e morais que entram em conflito com suas crenças. É um thriller bem construído e denota bastante como seria o estilo de Dean Koontz em livros posteriores como Velocidade, O Bom Sujeito, Odd Thomas...  


Anatomia do Mal de  Harold Schechter
     Livros de Terror e Suspense fazem um grande sucesso por explorar, como Lovecraft diz a emoção mais primordial da humanidade: o medo. A coragem não é ausência do medo, mas sim a capacidade de seguir adiante vencendo as fobias apesar de todos os  desafios, esse talvez seja o grande ensinamento que o gênero tenha a oferecer,  o maior conforto do leitor nesses casos é que por mais horripilante que o assassino ou a situação venha ser se trata apenas de ficção, nada daquilo é real.  Anatomia do Mal quebra este paradigma ao mostrar o leitor que o monstro é real, mais assustador que nos livros, pois veste pele humana e age como eu e você. É um livro detalhadamente chocante que vai mudar sua forma de ver as pessoas.

A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert de  Joël Dicker
   Como disse  acima não sou muito afoito a best-sellers do mês, sempre surgem opiniões que transformam o autor em um deus e seu livro em uma bíblia obrigatória para todo leitor ler, passado algum tempo do lançamento é que começam a surgir opiniões mais sinceras dos leitores e a obra começa a perder sua aura de celebridade para se apagar aos poucos. É um a prática bastante odiosa, mas já vi muitas resenhas na internet totalmente hipócritas e dissimuladas na tentativa de cair nas graças de determinada editora ou mesmo de uma iniciativa da própria para promover seu lançamento. Enfim, acreditei que A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert seria apenas mais um desses casos, mas acabei me enganando no final. A grande maioria das opiniões exaltava o livro, mas podia ler nas estrelinhas que bem poucos haviam realmente chegado até o final da leitura. Outros crucificavam o autor criticando seu estilo e seus personagens. A questão é que o livro havia ganhado vários prêmios e essa disputa começou a chamar minha atenção. Mas o que me fez mesmo embarcar na leitura do livro foi uma crítica da Folha de São Paulo onde o livro de Joël Dicker era chamado de leitura de banheiro e era acusado até de plagiar Nabokov.
    Joël Dicker não é um grande estilista literário, mas sua narrativa  franca e seus personagens coerentes conseguem angariar a atenção e simpatia do leitor. O modo como à história foi escrita também me chamou a atenção,  presente e passado se misturam através das lembranças do protagonista, um livro começa a ser  escrito dentro do próprio livro contando a história por trás do Caso Harry Quebert, tudo de uma maneira simples e objetiva fazendo da narrativa uma leitura bastante agradável.
    Talvez se pegasse o livro alguns anos atrás para ler eu acabaria não terminado a leitura, A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert não possui quase nenhuma cena de ação, é mais um drama sobre a redescoberta da própria identidade. O que me fez se identificar com o protagonista foi o momento que estava passando em sua vida, após lançar um livro de sucesso todos os refletores estavam voltados para seu rosto indagando quando sairia o próximo sucesso, porém a inspiração lhe falhou e um senso de inutilidade cresce em seu peito até que se obrigado a fugir de todos e buscar ajuda de seu antigo mentor Harry Quebert, é nesse momento que segredos do passado retornam e mudam totalmente a história. Não é um livro que eu indico para todos, talvez para os leitores mais experientes seja uma boa opção. A verdade é que o livro conseguiu chegar a mim no melhor período da minha vida para este tipo de leitura e isso me surpreendeu. É esta surpresa que o coloca nesta lista. Quando você não possui  esperança alguma na história e de algum modo ela te conquista. Os livros são como pessoas,  talvez este aqui não seja tão bom assim para cair nas graças de todo mundo, mas  não controlamos o coração e por quem se apaixonamos não é? 


A Lagrima do Diabo de Jeffery Deaver
    Jeffery Deaver é o meu autor favorito deste gênero! Seus livros são obras-primas na criação de suspense ao redor de um mistério cuja revelação sempre será surpreendente.  Seu protagonista Lincoln Rhyme é um dos mais inteligentes e controversos criminalistas, fruto principalmente da nova era da informação, devido a um acidente quando era agente de campo acabou ficando preso a uma cadeira de rodas tetraplégico, mas isso não o impediu de continuar seus trabalhos com a ajuda da bela Amelia Sachs. Quando o assassino comete um crime tão perfeito que a inexistência de pistas deixa a policia consternada, Rhyme é chamado e com a ajuda de seus subordinados faz uma varredura extremamente detalhada do local do crime e acaba encontrando algo tão banal que o próprio criminoso deixou passar, mas que será seu erro fatal. Deaver sempre trabalha em duas frentes narrativas, uma acompanhando as investigações e outra o vilão, a trama sempre começa se apoiando em quem é que está cometendo o crime e suas motivações, e depois da descoberta da identidade passa para como capturá-lo. A eficiência do autor está nas reviravoltas fantásticas que a trama segue ao longo da leitura e na maneira com que faz o leitor se envolver no jogo mental que é a captura do criminoso. 
  A Lagrima do Diabo me surpreendeu primeiramente por não trazer  Lincoln Rhyme como protagonista embora ele faça uma pequena participação,  Parker Kincaid, um especialista na área de documentação e verificação de legitimidade dos mesmos é o herói da história e se mostra tão inteligente e perspicaz na resolução de crimes como o famoso detetive tetraplégico. Talvez o que torna o livro mais interessante é o vilão da história morrer logo na primeira página. Ele havia deixado instruções para um assassino violento e psicótico matar pessoas em certos períodos de tempo se ele não entrasse em contato. Seu plano era extorquir a prefeitura com a ameaça das mortes de inocentes. Porém sua morte faz com que tudo mude e mesmo os policiais entregando a volumosa quantia no local indicado as mortes não param. O mais angustiante é saber que apenas nós os leitores sabemos disso. A única pista dos policiais é o bilhete. Talvez o melhor livro de Jeffery Deaver publicado no Brasil!



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8 Comentários

  1. Os melhores livros que li este ano de suspense policial em minha opinião são:

    1º O Aliciador
    2º E Não Sobrou Nenhum
    3º O Poeta
    4º O Espantalho
    5º Não Conte a Ninguém
    6º O Poder e a Lei
    7º Na Própria Carne
    8º Anjos da Neve
    9º Headhunters
    10º Iluminadas

    Maurilei.

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  2. Estou louca para ler Anatomia do Mal, quase comprei há duas semanas, mas como foi uma das minhas sugestões de amigo oculto, tenho que esperar pelo natal...

    Vamos ver se eu consigo listar alguns:

    1- Um Corpo para o Crime
    2- Gritos do Passado
    3- Feche Bem os Olhos
    4- O Pesadelo
    5- Refúgio
    6- Vejo Vocês em Breve
    7- Gélido

    Pronto, só consegui lembrar destes, li outros que não gostei tanto.
    Não Conte a Ninguém é bem legal, mas tem um tempinho que li.

    http://www.conversandocomdragoes.com/

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  3. os melhores suspenses que já li foram:

    1- não conte a ninguém.
    2- cilada.
    3 -refúgio
    4- confie em mim.
    5- desaparecido para sempre.

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  4. O cirurgião e garota silenciosa da autora Tess Gerristsen

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  5. Conheci recentemente a autora Tess Gerritsen li O Jardim de Ossos e estou lendo Corrente Sanguínea, gostei bastante da escrita e como ela é médica ela consegue descrever cenas que fazem embrulhar o estômago.
    Outro livro que gostei muito foi No Escuro da Elizabeth Haynes mas não sei se ele se classifica como suspense policial.

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  6. Gosto da maneira como escreve, mas sugiro que seja mais direto ao falar dos livros. Quem precisa uma referência gostaria de ler algo além da sua opinião. Talvez um pouco sobre o estilo da narrativa, se é mais densa ou mais leve, se o escritor é um "contador de história", se a história vale a pena ser lida e do que se trata a trama... Veja bem, é apenas uma sugestão. O que você já faz é muito bom.

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  7. Eu gostei das dicas de leitura. O autor do blog parece conhecer bastante obras e ter um bom senso critico para julgar a qualidade dos livros.
    Contudo, há muitos erros de português nesse blog. O pior de todos é: "O que me fez se identificar com o protagonista...".
    A meu ver, um canal que pretende falar com qualidade sobre literatura não pode ter erros tão visíveis de escrita.

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