Quem acompanha o blog já tem um tempo e lê regularmente a maioria das minhas resenhas de terror sabe o quanto sou fã de Stephen King. Meu vício por literatura começou graças aos bons momentos de terror que acompanharam a leitura de O Iluminado ainda na adolescência, lembro que passei uma noite em claro próximo do final não conseguia parar de ler, meu coração estava ao lado de Danny e interiormente gritava de desespero em cada cena que a versão deturpada de Jack o perseguia instigado pela presença sobrenatural do Overlook Hotel. A sensação ao terminar o livro foi algo próximo ao êxtase divino, como algumas palavras impressas em um simples papel conseguem arrancar emoções tão complexas e fortes de um leitor?  

   Foi então que minha peregrinação em busca de livros do mestre do terror começou, passei a frequentar bibliotecas da minha própria cidade e das outras ao redor apenas para procurar seus livros e quando as opções acabaram começar a economizar para comprar os livros que via nas vitrines das lojas. Era uma época difícil e depois de mais de dois meses guardando ferozmente cada centavo que podia, levando em consideração que ainda tinha quatorze anos naquele tempo, consegui comprar um livro chamado A Dança Macabra. Eu esperava uma história parecida com Zona Morta, Cemitério ou Christine as últimas leituras que haviam me deixado tão vorazmente faminto por mais. Quando iniciei a leitura descobri que não era nada daquilo que esperava, me decepcionei e depois me surpreendi quando reconheci a totalidade do presente que Stephen King estava me dando. Um grandioso universo de escritores de horror alguns com obras mais variadas que sua própria. E assim aquele imenso vazio que separa a interminável espera do lançamento de um livro novo seu pode ser preenchida. Stephen King é responsável por tudo isso, embora subjetivamente. Meu amor por literatura. Pelo Biblioteca do Terror. E por fim por meus pesadelos.
   Em reconhecimento ao seu sexagésimo sétimo aniversário decidi, como uma forma de homenagem, falar um pouco sobre os meus livros favoritos do mestre, sem nenhum tipo de ordem ou coisa do gênero. Aqui é uma conversa de amigos sobre uma paixão em comum, assim como não podemos dizer que nenhum ser humano é melhor que outro, pois todos somos iguais, apenas alguns possuem mais qualidades que o tornam propensos a realizar atividades de maneira satisfatória que outros, o mesmo acontece com livros: alguns conseguem ser mais assustadores, outros te emocionam mais profundamente, ainda há aqueles cujos personagens são absolutamente fantásticos e conseguem te fazer acreditar que são reais e outros tão horríveis que rezamos para que não sejam reais.  Vou falar, por enquanto, sobre os meus cinco favoritos:

O Iluminado e a doce destruição da infância
   O Iluminado é mais que um divisor de águas em minha vida, sem dúvidas marcou a passagem dos resquícios que ainda havia da infância para uma adolescência mais séria. Sempre ouço os leitores falando sobre suas experiências com séries de livros infantis e o quanto eles os ajudaram a se desenvolver como pessoa e blábláblá... Mas eu não tive essa "época", meu início foi direto no mundo literário adulto. O Iluminado. A Profecia. O Exorcista. Livros que me assustaram e moldaram o meu gosto refinando-o para obras do gênero. Sempre quando me pedem para indicar uma obra a um iniciante no universo de Stephen King, não penso duas vezes antes e começo a falar sobre a história de Danny e o Overlook. 

Christine e amor adolescente por carros
    Descobri Christine ao acaso em uma biblioteca, após uma procura minuciosa por algum título do Stephen King nas vezes anteriores já havia desistido de encontrar algo dele por lá, quando ao passar os olhos me deparei com uma edição de bolso bastante antiga dos anos oitenta, embora bem conservada com um cheiro característico que hoje me causa bastante nostalgia, e logo descobri uma nova paixão. A história de Arnie e seu carro assombrado é uma das que mais me deliciaram ao longo de todos esses anos como Leitor Constante de King. Não há melhor época para se ler o livro do que a adolescência, assim como Carrie ambos possuem um sussurro sedutor para aqueles que se identificam com os protagonistas.

A Coisa e o curioso caso do garoto que odiava palhaços e passou a odiar aranhas, ralos, esgotos...
     A Coisa é o livro mais assustador de Stephen King, a primeira leitura ocorreu durante um tempo bastante conturbado de minha vida e o resultado foi uma das leituras mais marcantes e cujos monstros ainda estão vivos na mente assim como protagonistas em meu coração. Pennywise é tipo de monstro que sai dos livros enquanto dormimos para espreitar o sono das sombras do quarto. Se há um livro que eu levaria ao fim do mundo comigo é este.

A Dança da Morte ou Como não Ser Enganado na hora da compra e fazer confusão com Dança Macabra
    Confesso. Confesso. Quando fui comprar Dança Macabra o título que tinha em mente era Dança da Morte, uma observação a ser feita é que naqueles tempo a internet não era tão popular ao menos para mim. Porém já conheci outros que também cometeram o mesmo engano então... Foi depois do meu primeiro trabalho de verdade realmente assalariado que consegui comprar A Dança da Morte, a edição nova custava quase cem reais que em um momento de loucura desembolsei sem pensar. E não me arrependo de nenhum centavo gasto no livro. É o melhor relato do final do mundo e a vida pós-apocalipse.

Cemitério ou porque amamos os animais
   Cemitério faz parte do que chamo de minha segunda fase do autor, já fazia quase um ano desde que havia lido um romance seu quando decidi ir a cidade vizinha, maior do que a que morava na época para explorar a biblioteca local. Fiquei extasiado ao descobrir uma edição de O Cemitério. Mas o verdadeiro tesouro estava em uma edição de Os Livros De Bachman que devorei lentamente saboreando cada livro, na época não sabia como era sortudo de encontrar uma edição rara assim. O Cemitério foi o livro que me deixou mais tenso em toda a obra do mestre, lembro que cada pequeno barulho perto de mim causava um grande susto. Quero ser enterrado com a minha edição, quem sabe não volto?