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Resenha | Social Killers: Amigos Virtuais, Assassinos Reais de JJ Slate e RJ Parker


"O culpado é o mordomo!" essa é a grande máxima da  literatura policial do século passado, afinal quem mais teria acesso a informações íntimas sobre a vítima, a ponto de conhecer seus hábitos, que um empregado que participa do seu dia-a-dia? Atualmente a afirmação não é mais tão crível, com o advento da tecnologia e da internet, além do conhecido mordomo, qualquer um pode ter acesso a qualquer tipo de informação sobre qualquer pessoa, isso quer dizer que qualquer um pode ser o assassino. 

As redes sociais revolucionaram a forma de comunicação entre as pessoas e acabaram se tornando uma espécie de diário íntimo de segredos, onde os usuários fazem questão de publicar minuciosamente seu dia, revelando seus horários, seus trajetos, viagens além de uma detalhada compilação de fotos de suas posses materiais. Mas talvez a pior revelação íntima esteja naquela declaração inocente sobre o estado emocional, esse tipo de comentário é o chamativo perfeito para um cruel predador que se infiltra na vida das vítimas através das rachaduras que a dor e a depressão fazem na alma. Um predador que vive na escuridão da sociedade e é igual a qualquer pessoa que você conhece, a única diferença é que seu interior não guarda os sentimentos de uma pessoa normal, mas sim um monstro preso em pele humana.

Não é nenhuma novidade serial killers se utilizarem dos veículos de informação para seduzir vítimas, os jornais foram as primeiras armas utilizadas na caçada, através de falsos anúncios de trabalho que visavam os desempregados, cegos pelo desespero da falta de dinheiro, conseguiam presas que não desconfiavam de seu destino e caminhavam para o abate de vontade própria. A internet foi um grande salto na evolução desse tipo de crime,  a anonímia da rede fez com que os predadores se tornassem cada vez mais ousados e grande parte de seus atos está compilado em Social Killers.com: Amigos Virtuais e Assassinos Reais. 

JJ Slate e RJ Parker dissecam 33 dos casos mais notórios envolvendo crimes na internet, há desde roubo, extorsão e perseguição até casos mais arrepiantes como estupro, canibalismo e assassinato,  mostrando também a evolução da lei para conseguir coibir esses tipos de ações. Com uma escrita bastante simples e visceral, o livro atinge seu objetivo com precisão, fazer o leitor refletir sobre a falsa sensação de segurança que permeia a internet, confrontando-o com a realidade grotesca da mente doentia dos criminosos. Não há como não ficar chocado com os relatos. Não há como não se imaginar na pele das vítimas.

Um dos casos que mais me atingiu e me deixou perturbado, acredite não há nenhum ser humano que não se sinta enojado e triste com essa história, foi a de Lacey Spears. Lacey é a típica mente deturpada criado pelas redes sociais, que acredita o número de curtidas e comentários em seu post é mais importante que a própria atenção no mundo real.  

No final de 2008 ela deu à luz a um menino saudável, que recebeu o nome de Garnett-Paul Thompson Spears, mas que apenas cinco dias após seu nascimento teve que ser atendido às pressas em um hospital por conta de uma infecção no ouvido. Na verdade Garnett parecia ser a criança mais azarada do mundo, atormentada por uma doença após a outra suas visitas a médicos eram rotineiras. Com apenas um mês ele teve que fazer uma cirurgia complicada para resolver um problema gastresofágico e com 10 semanas chegou ao centro de emergências sem respirar e com os níveis de sódio elevados em seu sangue. 

Paralelo a isso Lacey publicava fotos de seu filho doente e recebia uma enxurrada de comentários e compartilhamentos desejando melhoras e boa saúde. Os médicos achavam estranho que Garnett ao estar acompanhado de sua mãe piorava consideravelmente enquanto internado aos cuidados de enfermeiras mostrava uma visível melhora. Alguma coisa estava errada nessa história. 

A conclusão do caso é chocante. A Darkside como sempre fez um trabalho cuidadosamente psicopata com essa edição, para abrilhantar e detalhar ainda mais a experiência com a leitura, no início de cada capítulo há um código QR que leva diretamente a uma página com conteúdo exclusivo contendo fotos de cada caso detalhado. 

É uma leitura bastante assustadora, não apenas por seu conteúdo explicitamente violento, mas por narrar o tipo de história que você escuta diariamente nas redes sociais, pessoas enganadas, traídas e que desapareceram após um bate papo. O horror está em ver relatos reais de pessoas que caíram nas mesmas armadilhas que que provavelmente você deve ter encontrado em algum momento de sua vida online. Social Killers não é uma leitura indicada, é uma leitura necessária.

   Social Killers (2015) | Ficha Técnica 
   Título original: Social Media Monsters (2014)
    Autores: JJ Slate e RJ Parker
   Tradutor: Lucas Magdiel
   Editora: Darkside
   Páginas: 272 páginas
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   Nota: ☠☠☠☠☠☠☠☠☠☠ (10/10 Caveiras)

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1 Comentários

  1. Li ele em inglês e até estava com medo de ter pegado o livro errado.
    O caso de Lacey Spears também foi o que mais me impactou. Eu tive que entrar no Craiglist para ver o que diabos tinha de tão estranho nesse site kkkk

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