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Resenha | A Maldição de Sarnath de H. P. Lovecraft


A escrita de Howard Philips Lovecraft é uma das mais imaginativas, prodigiosas e perturbadoras que o gênero terror já produziu. Sua extensa obra de contos é marcada por visões de horrores que estão além da compreensão humana, seres cósmicos provenientes de eras além do tempo se misturam a resquícios amaldiçoados de civilizações pré-humanas criando uma assustadora mitologia, cujas raízes estão presentes nas obras dos principais autores modernos de horror. 

A Maldição de Sarnath, edição da Iluminuras, contém vinte relatos de pesadelos malditos, de memórias corroídas pela insanidade e horrores tão inomináveis que o simples sussurro de suas linhas monstruosas destrói as esperanças e crenças da alma mais religiosa. Lovecraft convida o leitor a mergulhar no poço de escuridão sombria que é a verdadeira sabedoria perdendo para sempre a calorosa luz da ignorância. 

Em "A Maldição de Sarnath" a cobiça humana é presenteada com o horror absoluto que advém dos poderes cósmicos de outras entidades. Há dez mil anos os homens iniciaram o processo de colonização da Terra de Mnar, atravessando as margens do Rio Ai deixaram como rastros germes de cidades em crescimento. Suas explorações os levaram até as planícies próximas a um gigantesco lago onde acabou sendo construída a gloriosa Sarnath. Mas a região não era desabitada, não muito longe na cidade de Ib vivia uma raça de homens-lagartos que adoravam uma abominação chamada Bokrug. A progressão lógica dos fatos é um inevitável conflito entre as duas raças e o resultado é catastrófico. 

"A Tumba" é uma composição de horror gótico inspirada pelo clima sombrio de Edgar Allan Poe e retrata a fixação que a morte produz na mente humana. Jervas Dudley, o protagonista, descobre nos limites da propriedade de sua família a antiga tumba dos Hyde. Uma pequena fresta na porta permite os olhos perscrutarem a semiescuridão macabra de seu interior, mas a robustez do cadeado impede explorações mais profundas. Jervas aos poucos percebe-se obcecado com o local, há algo lá dentro que clama sua presença e seu espírito não descansará até descobrir que segredos se encontram encerrados na tumba. 

"Nyarlathotep ou o Caos Rastejante" é uma das entidades cósmicas mais conhecidas e referenciadas dentro da mitologia lovecraftiana. Em sua primeira aparição Nyarlathotep toma forma humana através da figura de um faraó que acordou após um sono de séculos e viaja através das cidades exibindo seus incríveis poderes, por onde passa as pessoas são atormentadas por horríveis pesadelos e logo irão descobrir o segredo por trás dessas visões. 

"Do Além" é um relato sombrio em primeira pessoa de um protagonista sem nome, sobre as descobertas do cientista Crawford Tillinghast. Através de experimentos que profanam as crenças sociais, ele conseguiu criar uma espécie de máquina que amplia os sentidos de seus usuários, para que os mesmos possam ter acesso a realidade que existe por trás do mero reflexo que seus cinco sentidos imperfeitos conseguem captar. Lovecraft questiona a existência de múltiplas realidades simultâneas habitadas por toda uma legião de seres, cujo simples vislumbre de suas formas antinaturais causa a insanidade mental. 

"Nas Muralhas de Eryx" é uma história que se situa entre o horror cósmico e a ficção científica. A colonização do Planeta Vênus é extremamente viável devido a poderosos cristais naturais que produzem uma enorme quantidade de energia. Consegui-los é relativamente fácil na natureza local, a dificuldade está em enfrentar uma espécie de répteis bípedes que consideram tais cristais sagrados.
 
O protagonista da história em uma exploração por um planalto não mapeado encontra uma grandiosa pedra que logo atrai sua cobiça, na aproximação nota que existe uma espécie de barreira invisível separando-o de seus prêmio. Após uma cuidadosa análise consegue atravessar o obstáculo e com dificuldade percebe que se encontra em uma espécie de labirinto invisível. Quando pensa em desistir é tarde demais, encontrar o caminho através de paredes invisíveis é praticamente impossível. 

H. P. Lovecraft consegue criar uma atmosfera sombria através de descrições recheadas de adjetivos que conseguem abduzir o leitor para dentro de seus piores pesadelos. A Maldição de Sarnath, assim como qualquer outra coleção que traga seu nome, é altamente indicada para os fãs do macabro que buscam histórias que extrapolem gêneros e deixem uma impressão forte após seu término. Se ainda não conhece o Lovecraft, essa é sua porta de entrada.

   Maldição de Sarnath (1998) | Ficha Técnica 
   Título original: The Doom That Came to Sarnath (1920)
   Autor: H. P. Lovecraft
   Tradutor: Celso M. Paciornik
   Editora: Iluminuras
   Páginas: 224 páginas
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   Nota: ☠☠☠☠☠☠☠☠☠☠ (10/10 Caveiras)

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1 Comentários

  1. Estes contos do Lovecraft ainda não li nenhum. Até agora o que mais gostei foi A maldição de Dunwitch, que achei bem macabro e aterrorizante.

    bomlivro1811.blogspot.com.br

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