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Resenha | Eu, Robô de Isaac Asimov


O cérebro humano é a máquina mais poderosa criada pela natureza, resultado de bilhões de anos de evolução biológica, formado por proteínas e ácido nucleico é bastante diferente dos computadores, compostos de interruptores eletrônicos e correntes elétricas que advém de menos um século de pesquisas e aperfeiçoamentos do homem. Isaac Asimov é um dos principais escritores de ficção especulativa que explora profundamente os efeitos colaterais da inserção de servos robôs na sociedade, não apenas os aspectos tecnológicos que a mudança alteraria, mas também o lado humano sob a ótica da psicologia e sociologia, ao mesmo em que o homem possui a vaidade de criar robôs a sua própria imagem sente medo e até inveja de suas criações. Eu, Robô é um dos mais importantes livros sobre a ficção robótica por conter as primeiras histórias de Asimov que deram origem as célebres 'Três Leis da Robótica'.

Antes de Asimov definir as leis que regem o comportamento dos robôs, a tecnofobia era um tema amplamente difundido nas histórias do gênero, as máquinas eram vistas através do 'Complexo de Frankenstein', onde as criações sempre acabavam se mostrando malignas e ressentidas com seu criador. As Três Leis da Robótica tornam possível à existência de um mundo onde humanos possam conviver com robôs inteligentes, sem temor de uma rebelião de máquinas pensantes. A Primeira Lei diz: um robô não pode ferir um ser humano ou, por inanição, permitir que um ser humano seja ferido. A Segunda Lei fala: um robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens entrem conflito com a Primeira Lei. A Terceira Lei diz: um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou a Segunda Lei. 

As Três Leis são gravadas profundamente nos cérebros positrônicos dos robôs em ordem de importância, ou seja, um robô sempre colocará a vida de um ser humano diante de sua própria existência mesmo que isso signifique sua própria destruição, do mesmo modo que as ordens humanas criam uma compulsão em seu cérebro para realizar a tarefa mesmo que essa possa matá-lo. Porém várias interpretações são possíveis a partir dos princípios das Leis, mesmo com todos os testes de fábricas defeitos e maus funcionamentos podem acontecer. São essas brechas de que Isaac Asimov se utiliza para contar suas histórias. Eu, Robô reúne nove contos todos com máquinas como protagonistas nas mais diversas situações que testam a veracidade e aplicabilidade das Três Leis, Asimov utiliza como plano de fundo para unir as histórias a narrativa da Dra. Susan Calvin, a primeira psicóloga roboticista e pioneira na tecnologia robótica, que ao dar uma entrevista relembra grandes momentos que marcaram a história dos robôs nos mais de quarenta anos de evolução tecnológica citados na obra. 

Robbie é o conto que abre o livro, cronologicamente é um dos primeiros contos de robôs da literatura escrito por Asimov no final da década de trinta, e apesar de ainda não terem sido formuladas a Leis da Robótica a história mostra que a ideia já germinava na mente do autor. Robbie é uma das primeiras babás robôs fabricadas para cuidar de crianças pequenas e obedecer a suas ordens, porém algumas mães temem a máquina por suas reações serem imprevisíveis. Andando em Círculos, Razão e É preciso pegar o coelho são as histórias que, além de introduzir as Leis da Robótica, apresentam os agentes de campo Mike Donovan e Gregory Powell responsáveis por testar na prática os mais novos robôs que o homem pode construir. São dois personagens carismáticos que misturam humor e perspicácia para conseguir resolver os problemas relacionados aos robôs. 

Mentiroso! apresenta um robô com um defeito bastante particular, a capacidade de sintonizar os pensamentos humanos. Um robozinho sumido é conto que serviu de base para o roteiro do filme protagonizado por Will Smith, homônimo ao título do livro, porém as histórias tomam rumos bem diferentes, enquanto Hollywood prima pela emoção em suas tramas, Asimov é regido pela lógica. Evasão apresenta toda a problemática de robôs sendo utilizados para criar avanços tecnológicos enquanto em Evidência, um jovem político em ascensão é acusado de ser um robô. E em O conflito evitável a última história traz uma previsão horrível, em uma sociedade extremamente avançada a Primeira Lei torna-se um conceito amplo com a criação das Máquinas que decidem assumir o controle do mundo para proteger o homem de si mesmo.

   
  Eu, Robô (2014) | Ficha Técnica 
   Título original: I, Robot (1950)
   Autor: Isaac Asimov
   Tradutor: Aline Storto Pereira
   Editora: Aleph 
   Páginas: 320 páginas
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   Nota:☠☠☠☠☠☠(10/10 Caveiras)

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