Gabriel Réquiem é um dos novos nomes do horror nacional que surgiu este
ano, publicou dois contos, um deles na Revista Bang! chamado O Senhor do Vento
e outro através da Coleção Contos do Dragão da Editora Draco, O Último
Evangelista, além de participar da Coletânea “Terra Morta: relatos de
sobrevivência a um apocalipse zumbi” com Encaixotando Natália. Seu estilo de
escrita é bastante visceral, notadamente influenciado por nomes como Lovecraft,
Robert Chambers e Clive Barker mistura em sua narrativa elementos fantásticos
com ambiente sobrenatural do horror. Uma de suas características é a maneira
como consegue imprimir uma visão moderna e assustadora a histórias clássicas,
fazendo com que o horror ressurja nos dias atuais com muito mais realístico e forte.
O Senhor do Vento
O folclore brasileiro é recheado
de histórias fantásticas que refletem a miscigenação das culturas que o
formaram, mas em sua grande essência é pouco aproveitado por autores nacionais.
Gabriel Réquiem recria a origem de um dos seres mais famosos utilizando como
cenário a sanguinária Guerra do Paraguai. Através de uma referência a
literatura brasileira, O Senhor do Vento inicia sua trama com ares inocentes e
infantis, aos poucos o mistério do sobrenatural se infiltra pelas linhas tão
naturalmente que não é possível encontrar definir o ponto que o fantástico se
mistura com a realidade, dando assim um tom mais verídico ao relato.
O jovem Zezinho encontra em um
antigo baú na casa de sua avó e a curiosidade vence a inibição de profanar as
antiguidades de seu tio já falecido. A ordem vigente proibia de entrar no
aposento esquecido, mas o garoto compelido pela curiosidade não dá ouvidos a
sua consciência, o que encontra por lá são objetos antigos e apenas dois chamam
sua atenção, um cachimbo velho com um formato estranho e o diário de seu tio.
Ao tentar fumar o cachimbo descobre que este tem propriedades mágicas e parece
trazer consigo o cheiro de florestas antigas e longínquas. Curioso pela origem
do objeto começa a ler o diário e o que descobre mudará sua vida, o relato
sanguinário do encontro do homem com seres que vivem ocultos na natureza. O que
se segue é um relato sombrio com final impressionante.
Minha nota: ☠☠☠☠☠☠☠☠☠☠ (10/10 Caveiras)
O Último Evangelista
Revirar as entranhas da
mitologia de autores imortais é sempre uma tarefa árdua, o autor não apenas se
vê com incumbência de criar uma boa história para honrar o nome daquele que o
inspirou, mas também sente o pulsar vivo das criações na ponta de seus dedos
lutando para escapar para a realidade. E isso é muito mais gigantesco quando
esse autor se trata de Lovecraft e Os Antigos. Gabriel Réquiem faz o que muitos
autores inspirados por Chutlhu tentam, mas falham recriar o universo
lovecraftiano nos dias atuais reproduzindo todo o horror ancestral que apenas o
vislumbre da natureza dos deuses causa na humanidade.
O Último Evangelista começa com
o próprio Abdul Alhazred, o árabe louco, reproduzindo em pergaminhos com o
próprio sangue os sussurros de outras eras e universos. Sussurros de horror,
morte e danação. Sussurros que falam sobre o retorno daquele que aguarda em seu
sono em R'lyeh. A história então avança aos dias atuais onde a loucura abriu
espaço através da sanidade após o Rei Amarelo ser nomeado. Os dias escurecem e
criaturas grotescas começam a caminhar sobre a Terra. Ratos enormes com rostos
humanos. Criaturas tentaculares. Monstros aquáticos. Todos anunciando o
apocalipse. Keziah Mason, uma agente
americana é a única que pode conseguir informações sobre o que está acontecendo,
porém para isso terá que enfrentar o homem mais poderoso do mundo.
Minha nota: ☠☠☠☠☠☠☠☠☠☠ (10/10 Caveiras)
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