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Resenha | Mistério: Os Crimes da Rosa Azul de Peter Straub


Peter Straub é um escritor complexo com um estilo bastante denso e detalhista, suas obras possuem muitas camadas sobrepostas que juntas formam um grandioso mosaico literário e se tornam grandes clássicos como é o caso de Os Motos Vivos, Ghost Story, de sua autoria. Mistério: Os Crimes da Rosa Azul é mais um desses casos, com descrições minuciosas de seus personagens, ações, lugares e pensamentos o livro é de uma leitura enriquecedora e prazerosa, mas também extremamente difícil.

É com certeza o melhor livro sobre detetives que já li, com mistérios que ultrapassam as barreiras do tempo e um método de dedução perspicaz que envolve tanto o protagonista como o leitor incentivando-o a acompanhar as pistas e chegar as suas próprias conclusões. Mistério, Koko e The Throat fazem parte de uma espécie de trilogia conhecida como Rosa Azul, sendo que apenas os dois primeiros foram publicados no Brasil.

Não é um livro indicado a qualquer leitor, Straub escreve de maneira que faz com que o cotidiano tome uma nova forma mais interessante e diferente da realidade criando uma espécie de supra-realidade. Porém esse tipo de escrita tende a ser visto por alguns como chato, pois a ação fica em segundo plano para dar importância à construção das cenas e dos personagens. A ação em Mistério, o verdadeiro clímax da história acontece quase que unicamente nas páginas finais e trata-se apenas do desenrolar das ações que cresceram desde a primeira linha, é no ultimo terço do livro que as amarras de todas os enredos secundários são unidos a história central trazendo consigo grandes revelações que tem um poder sobre o leitor muito mais forte que qualquer cena de explosão ou troca de tiros. 

A impressão que fica é que Peter Straub tem um talento fora do comum para pegar uma cena demasiadamente normal e esticá-la até torna-la surreal fazendo com que a leitura seja lenta, mas cheia de imagens. A história se passa em uma pequena ilha do norte americano onde há uma divisão social bastante acentuada com bases na corrupção. Tom Pasmore é um jovem que após sofrer um acidente se vê preso à cama de um hospital, em seu tempo como paciente começa a ler histórias sobre detetives e mistérios, influenciado por Lamont von Heilitz um antigo e famoso detetive particular... 

O tempo passa e Tom cresce junto com sua paixão por literatura policial de modo que quando um estranho assassinato ocorre na ilha sem nenhuma conclusão por parte dos policiais que consideram suicídio como sendo a alternativa “óbvia”, Tom decide investigar a história e em uma carta anônima expõe suas conclusões e apresenta o culpado enviando-a diretamente ao chefe de polícia. Porém sem saber sua investigação chegou perto de segredos muito bem guardados da cidade e isso provoca mais mortes e traz a tona uma conexão com antigos crimes sem solução ligados a principal e mais rica família da ilha. Auxiliado por Lamont ele parte na maior investigação da sua vida em busca de segredos que mudarão para sempre sua maneira de ser. 

A conclusão da história é brilhante e a maneira como o mistério, que na verdade é formado de vários outros pequenos mistérios, é solucionado e seu dramático e paralisante desfecho. Peter Straub definitivamente é um dos maiores romancistas da América. Mistério: Os Crimes da Rosa Azul é indicado para os fãs do gênero policial, mas acima de tudo para o leitor que busca uma leitura desafiante e marcante.

   
  Mistério (1992) | Ficha Técnica 
   Título original: Blue Rose (1986)
   Autor: Peter Straub
   Tradutores: Luísa Ibañez e Sylvio Gonçalves
   Editora: Francisco Alves
   Páginas: 422 páginas
   Compre: ---
   Nota: ☠☠☠☠☠☠☠ (10/10 Caveiras)

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2 Comentários

  1. Mill Walk é uma ilha que fica, segundo o livro, no Caribe, e não do norte dos EUA, como está escrito aqui. No norte fica o Lago da Águia, local de veraneio da casta milionária de Mill Walk.

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