Um mergulho na Inglaterra do século XII e na construção minuciosa de uma catedral gótica. Emocionante, complexo, pontilhado de coloridos detalhes históricos, Os pilares da terra traça o painel de um tempo conturbado, varrido por conspirações, jogos intrincados de poder, violência e surgimento de uma nova ordem social e cultural. A figura que melhor expressa os ideais que inspiraram Ken Follett a escrever este livro é Philip, prior de Kingsbridge, um homem que luta contra tudo e todos para construir um templo grandioso a Deus. Mas a galeria de personagens que gravitam em torno da catedral inclui Aliena, a bela herdeira banida de suas terras, Jack, seu amante, Tom, o construtor, William o cavaleiro boçal, e Waleran, o bispo capaz de tudo para pavimentar seu caminho até o lugar do Papa, em Roma. Como painel de fundo, uma Inglaterra sacudida por lutas entre os sucessores prováveis ao trono que Henrique I deixou sem descendentes. Épico que consegue captar simultaneamente o que acontece nos castelos, feiras, florestas e igrejas, Os pilares da terra é a recriação magistral de uma época que nossa imaginação não quer esquecer.
Opinião:
A ficção histórica
sempre produz livros gigantescos que narram à aventura épica de personagens e
geralmente cobrindo a totalidade de suas vidas, Os Pilares da Terra não é
diferente das histórias que li desse gênero, a maravilhosa edição da Editora
Rocco com capa dura e mais de novecentas páginas assusta ao primeiro olhar, mas
a narrativa ricamente detalhada e fluÃda ao ponto das mãos e braços doerem de
segurar por tanto tempo um livro tão pesado, fazem com que o leitor realmente
se transporte para uma época medieval em meio aos conflitos que permeiam as
relações entre estado e igreja, através da obra de construção de uma grandiosa
catedral, cujos benefÃcios não se estendem apenas ao espÃrito, mas também
seguem motivações bastante terrenas.
Em minha opinião,
em relação a livros de fantasia e ficção histórica, quanto maior o tamanho do
livro a qualidade se mantém no mesmo patamar das páginas, com poucas exceções a
regra. Não foram poucas as obras do gênero que me encantaram com suas
grandiosas epopeias narrando a vida toda de determinados personagens, para
citar alguns: Xogum e Gai-Jin de James Clavell, um olhar elegante e sagaz sobre
a cultura japonesa e os reflexos do choque cultural da seu encontro com o homem
ocidental; O Titã de Fred Mustard Stewart, a história de um vendedor de armas
que atravessa as duas grandes guerras mundiais; Asteca de Gary Jennings uma
visão emocionante dos últimos anos da cultura asteca e seu conflito com uma
nova raça vindo dos mares distantes, deuses de quatro patas; O FÃsico de Noah
Gordon, a saga de um aprendiz de médico na idade média. E agora Os Pilares da
Terra de Ken Follett, uma viagem impressionante ao século XII, em plena
revolução inglesa no ápice do conflito estado e religião no paÃs.
Os Pilares da Terra
consegue ressuscitar um perÃodo bastante conturbado da Inglaterra, a morte do
Rei Henrique sem deixar herdeiros causou uma grandiosa e sangrenta revolução
pela sucessão do trono, o paÃs se dividiu entre nobres que alegavam direitos da
coroa sendo por direito sanguÃneo ou mesmo apenas porque possuem poder para
fazê-lo. Nesse cenário surge uma segunda linha da nobreza, formada por Duques e
Condes, que se dividem em intrigas e mentiras para apoiar o melhor candidato,
ou aquele que o beneficiará mais se alcançar o poder. A Igreja é uma grande
força nesse jogo de poderes, Bispos e Arcebispos, se utilizando de seu grande
apoio entre a população delegam poder a seus preferidos para que no momento em
que estes chegarem a um cargo importante dentro do governo seus interesses
sejam ouvidos, interesses esse que muitas vezes não se relegam apenas a
espirituais, mas também aos materiais, já que grande parte dos religiosos de
renome são donos de castelos e terras. É nesse cenário que a construção de uma
Catedral alcança o esforço de uma tarefa hercúlea da parte de todos os
envolvidos.
É uma época difÃcil para as pessoas simples
que ganham seu sustento através da terra e vivem sob o capricho de senhores
cruéis em busca de lucro para a campanha de guerra civil que se avulta no
horizonte sombrio do futuro. A trama acompanha a famÃlia de um pedreiro
construtor em busca de trabalho que atravessa com a esposa grávida o paÃs, um
casamento desfeito entre a nobreza o faz perder seu ganha pão durante o
inverno, de modo que famintos buscam asilo de aldeia em aldeia sobrevivendo com
o mÃnimo possÃvel. Um prior de uma pequena catedral do interior busca alcançar
mais fundos na capital da fé Kingsbridge, um lugar outrora rico e encantador,
mas que por má administração de seus prior atual jaz capengando sob as pernas
que mal sustentam seu peso, mal sabe que a viagem que está prestes a empreender
mudará sua vida para sempre. Muitos outros personagens surgem ao longo do
caminho narrativo representando a nobreza e suas sutis maquinações, o lado
negro da igreja...
Ken Follett
produziu uma obra de incomparável qualidade, com uma narrativa que mistura
descrições de artimanhas no jogo pelo poder à épicas batalhas sangrentas em
campos de guerra que atravessam os lares de camponeses. Um livro que traça um
profundo perfil do ser humano medieval, a importância de religiosidade e sua
influencia na psique humana, os horrores que eram impunemente cometidos, os
atos cruéis cujos meios eram justificados pelo fim além de uma aula de história
que se mistura suavemente a ficção. É um ótimo livro, ao mesmo tempo em que
inspirador nos faz refletir sobre a tristeza e adversidades da vida. Leitura
RecomendadÃssima. Na lista de favoritos.
Minha nota: ☠☠☠☠☠☠☠☠☠☠ (10/10 Caveiras)
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