Sabe aquele livro de terror assustador que te deixou sem dormir por semanas a fio? Pois é acredita que ele é baseado em fatos reais? Não? Então eu preparei uma série de matérias sobre alguns livros que possuem essa premissa, o que há por trás dessas histórias e outras questões que nos surgem a mente quando nos deparamos com esse lema. Até onde o fino tecido que separa a realidade da ficção é distinguível? Quando entraremos no mundo das suposições e crenças? Os dois primeiros livros selecionados são: Psicose de Robert Bloch e O Exorcista de William Peter Blatty.
Psicose de Robert Bloch
Uma jovem e bela loira dirige
seu carro através de uma cortina impenetrável de chuva, que deixa a noite ainda
mais escura, seus olhos quase não consegue ver o letreiro de um motel de
estrada desligado, com a certeza de que estava perdida e era melhor descansar,
a garota para em busca de descanso. Após um breve encontro, ligeiramente
estranho e mórbido, com afetado Norman Bates, dono do local, busca o aconchego
e calor de seu quarto onde espera conseguir encontrar a tranquilidade em um
banho. Então entra no chuveiro, fecha a cortina de plástico e abre a torneira.
A água escorre copiosamente e, enquanto a jovem ensaboa seus cabelos de olhos
fechados, um vulto feminino abre devagar a porta. Sua mão empunha uma faca de
açougueiro. Ouve-se um grito e a faca avança, avança de novo, e de novo... Logo
a água que escorre para o ralo é pintada de vermelha, descendo em um furioso
turbilhão que parece refletir as emoções dos olhos arregalados do corpo que cai
ao chão.
Norman Bates, a cruel criação
de Robert Bloch e imortalizada pelo grande Alfred Hitchcock, chocou as audiências
com suas fortes imagens para a época, porém nada foi mais assustador que saber
que o protagonista foi inspirado em um maníaco real, muito mais sádico e
violento que o retratado, seu nome era Edward Gein. Psicose foi apenas uma das
muitas obras que se utilizaram da figura do monstro para tecer tramas de
horror, Tob Hooper fez o mesmo no filme O Massacre da Serra Elétrica e Thomas
Harris também na criação do vilão de O Silêncio dos Inocentes. Ed Gein era
parecido com Norman em muitas coisas, seu caráter recluso evitava a curiosidade
dos vizinhos, que ficaram horrorizados quando foram descobertos os cadáveres em
sua propriedade, em principal a relação com sua mãe, que o criou de maneira
extremamente dura e possessiva gerando sua visão distorcida sobre
mulheres. O monstro é real e nunca
morre, sempre renasce em um novo corpo.
O Exorcista de William Peter Blatty
A garota amarrada na cama
havia perdido toda sua aura de inocência, por trás de seus olhos havia uma lascívia
e depravação que não eram comuns para sua idade, aliás, não era comum em nenhum
olhar humano. Seu corpo exalava um fedor repulsivo e, o cheiro de vômito se
misturava as fezes, sua pele era uma trilha de cicatrizes e feridas mal
curadas. A voz doce a gentil foi substituída por um grasnar rouco que
transmitia um sarcasmo e ódio que gelava o ambiente do quarto infantil. A
menina estava imersa em uma sessão de palavrões quando subitamente para e seu
olhar atravessa a janela com um rosnar surgindo do fundo de seus pulmões.
Enquanto isso lá fora um homem parado sobre a luz de um poste se preparava para
a maior batalha espiritual de todas...
William Peter Blatty com seu
romance e adaptação cinematográfica definiu um marco tanto na literatura como
cinema de horror ao apresentar uma adorável garotinha possuída por um espirito
diabólico e vulgar, o sucesso de O Exorcista foi tão grande que o tema
possessão demoníaca até hoje é explorado incansavelmente por autores, mas foi
na década de oitenta que a explosão dos romances diabólicos alcançou seu ápice.
O furor da obra somente aumentou com a declaração de que sua história era
baseada em fatos reais, na verdade em um artigo que o próprio Blatty leu ainda
na faculdade sobre o exorcismo de um garoto de treze anos. As buscas pela
origem da história e sua veracidade foram incessantes, inúmeras versões
alegando serem detentoras dos segredos surgiram, porém um livro especial,
lançado no exato aniversário de vinte anos da obra, é considerado o mais
próximo do que se aceita como real na história toda, escrito por Thomas B.
Allen, Exorcismo: Uma História Verdadeira se encontra, para nossa surpresa,
esgotado nas estantes brasileiras.
O livro de Thomas Allen foi
baseado no diário de um bispo participante dos rituais, ao todo foram nove
religiosos envolvidos no exorcismo, e nos relatos de testemunhas, familiares e
amigos. O nome do garoto é um dos pontos de discussão, alguns afirmam se chamar
Roland Doe, o autor diz que seu nome é Robert Mannhein, embora apesar de tudo
para proteção sua identidade seja desconhecida. Diferente da teatralidade que
Blatty tenta imprimir em O Exorcista, Allen mostra que o ritual não é aquilo
que se espera, ao todo foram realizadas mais de trintas esgotantes sessões de
exorcismos no pobre garoto até que finalmente seu espirito se visse liberto de
sua perturbação.
As manifestações sobrenaturais
começaram logo após a morte da tia do menino que era uma espiritualista que
supostamente o havia apresentado ao tabuleiro Ouija. O menino então teria
tentado entrar em contato com a falecida através do Ouija e o que encontrou foi
algo muito mais sombrio que acabou dominando seu corpo. Os acontecimentos
começaram a se desdobrar assim como no livro: passos eram ouvidos em cômodos
vazios da casa, móveis eram inexplicavelmente encontrados em lugares diferentes
dos habituais, ruídos noturnos estranhos, além de objetos caindo de lugares e
portas e janelas se fechando bruscamente sem contato com vento algum. O garoto
começou a ficar bastante perturbado e sua personalidade sofreu alterações, foi
levado a psiquiatras e psicólogos que não souberam especificar a origem do que
acometia o pobre menino. A constatação da possessão ocorreu através de um
reverendo que testemunhou a cama do jovem balançando loucamente e objetos
movendo-se através do quarto.
Com o mesmo
fervor que alguns acreditam na história existem aqueles que dispõem todas as inconsistências
do caso e tentam desvendar o que realmente há por trás dos exorcismos
praticados em quase todas as religiões. Realmente as questões relativas à fé e
as crenças são grande enigmas que sempre irão testar os limites da credulidade
humana, é lógico que Blatty criou muito das cenas de o Exorcista apenas com o intuito
de assustar o leitor que não deve acreditar em tudo aquilo que lê, mas mesmo
com todas as divergências sobre o assunto todos concordam em um ponto, o
exorcismo do garoto realmente ocorreu e os artigos dos jornais servem como
prova do acontecimento que atraiu certa atenção da mídia na época. E você no
que acredita?
2 Comentários
CACETADA! Eu fiquei de boca aberta! Eu não duvido muito disso não, acho que foi retirado mesmo de relatos de um diário de um bispo, por quê não? Maravilhosamente trágico! Wool!
ResponderExcluirhttp://gabryelfellipeealgo.blogspot.com.br/
El Costa, do Confins Literários
Quero ler os dois livros, principalmente 'O Exorcista' que sempre só vejo bons comentários e recomendações acerca da história, mas o livro sempre está tão caro =/ assim como o Psicose. Amo o filme e acho que eu vou curtir o livro também!
ResponderExcluirAbraço!
www.umomt.com