Mais uma vez Stephen King conseguiu.  Me emocionou, deixou com raiva, fez sorrir e chorar, partiu meu coração, ensinou algumas coisas sobre o amor, fez querer voltar no tempo, matar um assassino, dançar loucamente, xingá-lo de todos os palavrões conhecidos, em suma, todas as emoções e sentimentos que o fazem ser meu autor favorito. Novembro de 63 é basicamente uma história de amor, com um fundo histórico e filosófico, mesclada a ficção-científica.

King escreve sobre o amor com a mesma propriedade que utilizou em Love: A história de Lisey, disseca a obsessão de um homem por um ideal da mesma forma que a de Roland pela Torre Negra e no ápice culminante da ação temos uma cena parecida com a de A Zona Morta só que ao invés de impedir um presidente o nosso herói tem que parar o assassino do próprio.

A narração é realizada em primeira pessoa, pelo protagonista Jake Epping, o que faz do livro diferente de um dos últimos lançamentos do King no Brasil. Sob a Redoma. Aqui não há a multiplicidade de visões e a diversidade de personagens que povoa Chester's Mill, é um ambiente mais familiar com uma narrativa mais pessoal que prende o leitor e cria um laço com os personagens que cresce ao longo das páginas. 

Prepare-se parar roer as unhas de tensão e raiva, pois o destino e o passado são obstinados e não aceitam mudanças em seus planos. Há muito sofrimento nesta história. Como também sorrisos e paixão, uma alegria que invade o coração do leitor mais empedernido. E se você pudesse voltar no tempo? O que faria? Tentaria mudar algum grande acontecimento histórico negativo? Como evitar a Segunda Guerra Mundial impedindo que o jovem Hitler chegue à maioridade? Ou quem sabe Jim Jones? Stephen King escolhe um dos acontecimentos que mais marcaram a história americana, o assassinato do presidente John Kennedy.

A comoção gerada pela sua morte foi tão grande que até hoje existem milhares de teorias de conspirações citando culpados que vão desde os soviéticos e cubanos até a própria CIA e o vice na época Lyndon Johnson. Porém uma coisa sabe-se quase com certeza, o atirador foi Lee Harvey Oswald e é essa faceta da história que King utiliza, partindo do pressuposto que o próprio protagonista não possui cem por cento de confiança no assassino, recriando todos os anos que antecederam a tragédia e dando vida a personagens históricos.

Stephen realizou uma profunda pesquisa para dar vida a uma América do final dos anos 50 levando em conta tanto aspectos culturais e políticos como econômicos, explorando como ninguém o chamado Efeito Borboleta. Uma pequena ação no passado pode ter uma reação catastrófica no futuro e imagine o aconteceria se John Kennedy fosse salvo? Será que ele poderia evitar o Vietnã? A Guerra Fria? 

A resposta a isso é sensacional, talvez apenas Philip K. Dick conseguisse feito igual.  Como de praxe nas suas obras sempre há menções de personagens de seu universo interligando histórias e aumentando ainda mais o seu grandioso mundo de seres ficcionais. Desta vez há varias aparições de um Plymouth Fury '58, Christine e uma deliciosa e arrepiante visita a Derry após os ataques do Pennywise.

   
  Novembro de 63 (2013) | Ficha Técnica 
   Título original: 11/22/63 (2011)
   Autor: Stephen King
   Tradutor: Maria Beatriz de Medina
   Editora: Suma
   Páginas: 728 páginas
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   Nota: ☠☠☠☠☠☠☠ (10/10 Caveiras)