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Resenha | Todos os Belos Cavalos de Cormac McCarthy


Cormac McCarthy possui um estilo bastante peculiar e pessoal, chamado por muitos de escritor minimalista, a leitura de seus livros é uma experiência diferente para os leitores que não o conhecem e o primeiro contato sempre é chocante. A utilização limitada de vírgulas, aspas, travessões e pontos. Com apenas  o mínimo de gramática faz o texto se tornar mais real, assim como um fluxo de pensamento a história ganha uma espécie de vida natural e se desenvolve livre de ideias e pensamentos superficiais, através de uma narração que faz o leitor entrar na história e viver o agora junto aos personagens. 

A escrita é simples, mas não simplória. Cada sim, cada não é carregado de significados. É isso que faz do autor um dos maiores nomes da literatura vivos. Todos Os Belos Cavalos é o primeiro volume da Trilogia da Fronteira e narra a aventura de dois jovens amigos na sua busca por uma identidade em meio a uma terra árida onde o suor escorre em gotas vermelhas e fronteiras são definidas pelos que possuem poder ao invés de mapas em paredes. 

Cormac consegue imprimir um sentimento em todas as obras que escreve em A Estrada a solidão e o desespero são sentimentos que permeiam toda a narrativa, já neste livro a sensação de rusticidade e aliada a natureza selvagem do homem dão ao texto uma sensação atemporal. O livro fala da luta pela sobrevivência, da descoberta do amor e do amadurecimento de um homem. Acima de tudo sobre a beleza da natureza apesar de toda a brutalidade que a cerca. O título em inglês All The Pretty Horses faz referencia a uma popular cantiga de ninar americana. Na canção é feita uma promessa a criança de que se ela for dormir direitinho ao acordar ganhará belos cavalos.

John Grady Cole e Lacey Rawlins  estão em uma cavalgada rumo ao México. O sonho americano não é mais o que deveria ser após alguns anos do fim da segunda grande guerra mundial sobrevivência é tudo o que um homem deseja, isso e uma boa mulher. E também um bom cavalo.  Eles possuem apenas o último mas isso não impede que a busca pelos outros dois ideais seja realizada, apenas a torna mais fácil. No meio do caminho seus olhos inocentes são abertos para a crueldade e brutalidade com que o mundo trata aqueles que  perdem  o esteio da vida.  

Encontram um jovem fugitivo, Jimmy Blevins, inocente a sua maneira mas que consigo traz apenas más noticias. Porém a cavalgada sempre continua. Sempre. Só para com a morte. Ou talvez nem isso. Eles chegam a uma fazenda onde conseguem trabalho, John começa a domesticar potros e cavalos selvagens. Acha que para conseguir o feito é preciso ser mais selvagem que o próprio animal. O que não esperava era ele mesmo ter seu coração domado pela filha do fazendeiro.

   
  Todos os Belos Cavalos (1993) | Ficha Técnica 
   Título original: All the Pretty Horses (1992)
   Autor: Cormac McCarthy
   Tradutor: Marcos Santarrita
   Editora: Companhia das Letras
   Páginas: 272 páginas
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   Nota:☠☠☠☠☠☠(10/10 Caveiras)

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2 Comentários

  1. Olá!
    É o tipo que leria, apesar de que o que vc citou sobre a forma de escrever dele ter me deixado com um pé atrás. Mas parece sim uma maravilhoso romance.

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  2. Cormac McCarthy é simplesmente um dos grandes autores da atualidade. Sua narrativa é diferente e própria, assim como James Ellroy. E é justamente isso que torna fascinante os livros de Cormac. Meridiano de Sangue é épico. Onde os velhos não tem vez, também é brilhante. E todos os belos cavalos é mais do que obrigatório.

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