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Resenha | Guerra do Velho de John Scalzi


Na época das grandes navegações os desbravadores se lançaram rumo ao desconhecido em busca de riquezas e novas terras, munidos apenas de sua própria coragem e envoltos no misticismo medieval mapearam todo o globo terrestre, encontrando lugares onde havia abundância inimaginável de fauna e flora. O único problema é que essas terras já eram habitadas por outras civilizações desenvolvidas, o conflito sangrento de culturas que culminou a partir dessa interação modificou profundamente as relações internacionais existentes. 

O colonialismo emergiu e as sociedades europeias afirmaram sua "superioridade" através do poderio militar. Imagine um futuro próximo onde essa história se repete, mas desta vez em uma escala universal, e seja bem vindo à Guerra do Velho. O homem dominou a viagem espacial e descobriu dezenas de mundos habitáveis, o único problema é que a humanidade não era a única raça que desejava ampliar seus domínios, existia vida além das estrelas, criaturas cujo desenvolvimento tecnológico era similar ou superior ao dos seres humanos e que eram tão hábeis e cruéis quanto. O início dessa expansão interestelar deu-se quando a Terra alcançou seu ápice populacional, guerras eclodiram e países inteiros foram destruídos. 

Os herdeiros das ruínas de países subdesenvolvidos não viram alternativa de existência a não ser como colonos em outros planetas. As primeiras viagens foram catastróficas, inúmeros mortos e certeza de que as outras raças não entregariam suas terras sem lutar. Surgiu então a necessidade da criação de um exército. As Forças Coloniais de Defesa nasceram com uma missão aparentemente simples, garantir a dominação desses planetas e proteger os colonos de outros invasores. Os cientistas das Forças Coloniais e da Terra evoluíram por caminhos diferentes ao longo dos anos, questões políticas e culturais dificultaram as relações e no final ambas as instituições, fechadas em seus próprios mini universos, criaram um misticismo ao redor uma da outra. 

A crença que reinava na comunidade científica terráquea é de que as Forças Coloniais haviam descoberto uma forma de imortalidade, por meio da engenharia reversa na tecnologia de inimigos derrotados. Provas disso estavam nas máquinas que utilizavam, mil anos mais avançadas que qualquer coisa do nosso planeta, e do alistamento misterioso: apenas humanos que completavam seu septuagésimo quinto ano de idade poderiam entrar para suas fileiras. 

A história de Guerra do Velho começa no dia do aniversário de 75 anos de John Perry, através de uma narrativa com personalidade própria e em primeira pessoa, o autor introduz seu universo e seus protagonistas de maneira fantástica, fazendo com que o leitor sinta na própria pele a experiência de ser um novato nas Forças Coloniais e a viciante sensação de excitação e consternação, que advém da descoberta de todos os segredos que envolvem o processo. Uma vez iniciada a leitura é impossível regular a gula de devorar capítulo atrás de capítulo para descobrir o que acontece na próxima página, todos os méritos vão para a escrita de Scalzi e sua capacidade de seduzir o leitor com um texto ágil e bem humorado, que faz da leitura uma experiência agradável e prazerosa. 

Se você está buscando um livro de ficção científica que seja ao mesmo tempo acessível e lotado de ideias instigantes, Guerra do Velho é definitivamente a escolha perfeita, a simplicidade da narrativa, em oposição ao texto truculento que se espera de uma ficção científica militar, faz toda a diferença durante a leitura. O desenvolvimento da estória muitas vezes lembra um jogo de videogame, com suas descrições de batalhas estelares e missões de invasão a planetas inimigos, e o resultado é mentalmente inebriante. 

   Guerra do Velho (2016) | Ficha Técnica 
   Título original: Old Man's War (2005)
    Autor: John Scalzi
   Tradutor: Petê Rissatti
   Editora: Aleph
   Páginas: 368 páginas
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   Nota: ☠☠☠☠☠☠☠☠☠☠ (10/10 Caveiras)

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1 Comentários

  1. Esse é uma verdadeira obra-prima, a banalidade do mal de forma gratuita diante dos nossos olhos, de maneira muito mais contagiante e brilhante do que já vi em outros clássicos, como Os Negros anos luz, de Brian Aldiss.

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