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Resenha | A Praga de Hefesto de Thomas Page


A imaginação humana sempre trouxe da escuridão de seus recônditos sombrios as criaturas mais pavorosas e aterrorizantes que podia conceber, visualmente falando as décadas de setenta e oitenta alcançaram a excelência na arte da criação e descrição de tais monstros. 

A época foi propícia para o nascimento das histórias protagonizadas por animais assassinos, uma evolução que ocorreu a partir dos clássicos de ficção-científica que exploravam a destruição advinda da mutação de pequenas criaturas, desta vez não era o tamanho a fonte do horror, mas sim a quantidade. O êxito deste tipo de narrativa estava na abordagem do medo através de uma ótica reconhecidamente sangrenta que mesclava o asco de insetos como aranhas, ratos e baratas com o ambiente familiar de uma casa comum.  

O gatilho inicial da infestação geralmente determinava o tom da história e poderia ser desde uma resposta violenta a interferência humana na natureza até uma onírica possessão demoníaca. A Praga de Hefesto se imiscui por essa linha de pensamento com uma narrativa pegajosa que é um amálgama entre um desastre natural e um horror que existe desde os tempos pré-históricos. Um terremoto dá inicio aos incidentes que ameaçam a existência da raça humana no planeta, entre casas destruídas e plantações arruinadas surge uma rachadura gigantesca no meio de uma fazenda no interior dos Estados Unidos. 

Pouco tempo depois os agricultores da região notam o aparecimento de uma nova espécie de inseto, um grande besouro negro com uma couraça intransponível. Surgidos das profundezas da fenda os besouros são cegos e se movem com uma lentidão angustiante, de uma forma bizarra a mãe natureza lhes dotou com um par de antenas traseiras que quando esfregadas produzem faíscas, sua dieta consiste no carbono presente nas cinzas, então tal aparato é conveniente na hora da alimentação.

Qualquer superfície inflamável torna-se comida e tudo aquilo que era sinônimo de conforto e segurança para a humanidade passa a ser fonte de horror e desespero. Thomas Page demonstra um conhecimento em entomologia assombroso, há várias curiosidades sobre os hábitos de insetos em geral, a explicação da gênese das criaturas é interessante assim como a evolução que sofrem ao longo das páginas. 

A Praga de Hefesto possui uma narrativa audaciosa na exposição de suas ideias, o autor consegue fazer o leitor acreditar na mitologia que envolve os besouros e cada descoberta científica sobre eles os tornam ainda mais misteriosos e assustadores. Algumas das cenas mais fantásticas do livro envolvem tais experimentos, para descobrir um predador natural os cientistas testam as criaturas em batalhas vividamente chocantes contra tarântulas, cobras, ratos e escorpiões e os resultados são arrepiantes.
 
A segunda metade de A Praga de Hefesto é o que faz o livro valer a pena, é impossível imaginar o rumo apocalíptico que a narrativa segue e sua conclusão é épica. Se você é fã da cultura "trash" dos anos setenta este livro é perfeito para você!

   
  A Praga de Hefesto (1973) | Ficha Técnica 
   Título original: The Hephaestus Plague (1973)
   Autor: Thomas Page
   Tradutor: A. B. Pinheiro de Lemos
   Editora: Record
   Páginas: 201 páginas
   Compre: ---
   Nota: ☠☠☠☠☠☠☠ (10/10 Caveiras)

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5 Comentários

  1. Eu não tinha conhecimento deste livro ! Vou agora mesmo procurar o meu na estante virtual !

    bomlivro1811.blogspot.com.br

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  2. Cara... você já havia mencionado esse livro. Se eu já estava curioso para ler antes da resenha, imagina agora, depois de degustar essa verdadeira vivissecção dos espécimes dessa praga de bíblicas proporções. O penejar sanguinário do anfitrião do Biblioteca do Terror sempre me deixa com fome de boas leituras! Sebo pra que te quero! Fui!

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  3. Estou lendo, pela indicação aqui do blog, olha, estou na página 80 e estou achando bem arrastado, realmente, eles detalham muito o estudo desse inseto e os personagens são muito rasos, não estou gostando muito, tomara que melhore.

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  4. Eu tenho esse livro, edição 1973 mas nunca li. Está guardado, mas vou procurar lê-lo.

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