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Resenha | Dissecando Stephen King de Tim Underwood e Chuck Miller


Este é o melhor livro sobre Stephen King já publicado no Brasil, uma coleção de entrevistas que saíram em várias revistas especializadas em horror realizadas entre 1979 e 1987. Stephen King fala sem inibições sobre suas obras, inspirações, infância, medos e fobias, relação com a música, adaptações cinematográficas, família, dicas para escritores e todo o tipo de curiosidade bizarra e interessante que você puder imaginar de uma maneira extremamente didática e com muito bom humor.

Em um dos relatos King fala sobre uma das primeiras vezes em que viu alguém lendo um livro de sua autoria, foi durante um voo e a emoção foi grande o suficiente para ele se sentir desinibido e abordar a mulher, que lia Carrie, e falar que o livro era seu, dar um autógrafo e até mostrar sua identidade se fosse necessário. Então Stephen se aproximou da senhora e perguntou: 'O que está achando deste livro?', 'É uma merda!' ela respondeu. 'Muito bem, estarei prevenido para não o comprar' ele respondeu e voltou a se sentar. É esse o tipo de história que você vai encontrar no livro. 

"A ficção de horror sempre gozou da reputação de ser um gênero proscrito. Trata-se de algo sórdido e quando as pessoas veem alguém lendo A Hora do Vampiro, ou uma obra semelhante, assumem que o leitor deve ser um tanto estranho ou pervertido. E, é claro, isso se estende a mim, um tipo que afinal o escreve e que pode ser comparado a um artista de circo cujo ato inclui arrancar a cabeça de uma galinha ou de uma cobra viva com uma dentada." 

Stephen King durante as entrevistas estava no grande auge da sua popularidade dos anos oitenta, com sucessos literários respectivas adaptações recém-saídas do forno como Carrie, A Hora do Vampiro e O Iluminado era reconhecidamente um dos principais nomes do gênero mundial, amado por seus fãs e crucificado pelos críticos. Seu grande triunfo foi trazer o horror dos cemitérios decadentes e castelos sombrios europeus para logo ali na esquina, em um ambiente familiar para o leitor leitor americano. 

Como o próprio King deixa bem claro ele odeia falar em público e muitas vezes consegue desviar o assunto da entrevista para algo menos pessoal. Mesmo assim há um grande volume de informações por lá, o suficiente para saber que o grande mito Stephen King é um ser humano normal como eu e você, um pai de família dedicado que expurga seus medos através da escrita. Ele fala sobre sua batalha contra o alcoolismo e os tempos difíceis antes da fama.

Algumas das curiosidades mais interessantes sobre Stephen King são com relação ao surgimento das ideias para seus livros. O Iluminado começou a se formar após uma viagem em que Stephen King e sua esposa Tabitha, acabaram ficando em um grandioso hotel e descobriram que eram os únicos hóspedes. King chegou a se perder no labirinto de corredores e demorou para encontrar seu quarto, durante esses desesperadores minutos uma ideia começou a se formar em sua mente. Seu método de escrita é bastante rigoroso e religioso, sempre escreve de manhã das oito as onze, e o resto do seu dia é livre. Quando a temporada de beisebol acaba nos EUA, King joga fora todas as suas giletes e deixa sua barba crescer até o ano seguinte, cortando-a no dia do primeiro jogo da nova temporada. 

King também fala da censura, algumas de sua obras tiveram cenas cortadas por serem consideradas pelos editores muito fortes para o público leitor, uma delas é uma cena em que um dos personagens de A Hora do Vampiro é devorado por centenas de ratos, outra é sobre A Dança da Morte com relação ao final de Randall Flagg no livro. 

Então pode esperar spoilers dos livros escritos até então, de modo que Dissecando é mais indicado aos fãs de longa data, muito sobre o universo Stephen King é explicado, porque personagens morreram enquanto outros ficaram vivos, enfim é imperdível. Uma curiosidade interessante é que Stephen King esteve muito, muito perto de escrever o roteiro do filme Poltergeist, filme de Tobe Hooper que dirigiu a versão para TV de A Hora do Vampiro. Um adendo especial para as entrevistas feitas em conjunto com Peter Straub sobre o processo criativo de O Talismã. Imperdível.

"O terror é uma das maneiras de fazermos nossa imaginação divagar. É muito mais um modo de descarregar os maus sentimentos do que o motivo que o gera... Tem um efeito desagradável em algumas pessoas, deixa-as apavoradas, não conseguem dormir, sofrem de pesadelos. Os pesadelos são outro modo de exorcizarmos nossas emoções, nossas sensações de insegurança, e brotam diretamente de nossas imaginações..."

   Dissecando Stephen King  (1990) | Ficha Técnica 
   Título original: Bare Bones (1988)
    Autores: Tim Underwood e Chuck Miller
   Tradutora: Wilma Freitas Ronald de Carvalho
   Editora: Francisco Alves
   Páginas: 265 páginas
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  Nota:☠☠☠☠☠☠☠☠☠☠(10/10 Caveiras)

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