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Resenha | Os Pilares da Terra de Ken Follett


A ficção histórica sempre produz livros gigantescos que narram à aventura épica de personagens e geralmente cobrindo a totalidade de suas vidas, Os Pilares da Terra não é diferente das histórias que li desse gênero, a maravilhosa edição da Rocco com capa dura e mais de novecentas páginas assusta ao primeiro olhar, mas a narrativa ricamente detalhada e fluída ao ponto das mãos e braços doerem de segurar por tanto tempo um livro tão pesado, fazem com que o leitor se transporte para uma época medieval em meio aos conflitos que permeiam as relações entre estado e igreja, através da obra de construção de uma grandiosa catedral.

Em minha opinião, em relação a livros de fantasia e ficção histórica, quanto maior o tamanho do livro a qualidade se mantém no mesmo patamar das páginas, com poucas exceções a regra. Não foram poucas as obras do gênero que me encantaram com suas grandiosas epopeias narrando a vida toda de determinados personagens, para citar alguns: Xogum e Gai-Jin de James Clavell, um olhar elegante e sagaz sobre a cultura japonesa e os reflexos do choque cultural da seu encontro com o homem ocidental.

O Titã de Fred Mustard Stewart, a história de um vendedor de armas que atravessa as duas grandes guerras mundiais; Asteca de Gary Jennings uma visão emocionante dos últimos anos da cultura asteca e seu conflito com uma nova raça vindo dos mares distantes, deuses de quatro patas; O Físico de Noah Gordon, a saga de um aprendiz de médico na idade média. E agora Os Pilares da Terra de Ken Follett, uma viagem impressionante ao século XII, em plena revolução inglesa no ápice do conflito estado e religião no país.

Os Pilares da Terra consegue ressuscitar um período bastante conturbado da Inglaterra, a morte do Rei Henrique sem deixar herdeiros causou uma grandiosa e sangrenta revolução pela sucessão do trono, o país se dividiu entre nobres que alegavam direitos da coroa sendo por direito sanguíneo ou mesmo apenas porque possuem poder para fazê-lo. Nesse cenário surge uma segunda linha da nobreza, formada por Duques e Condes, que se dividem em intrigas e mentiras para apoiar o melhor candidato, ou aquele que o beneficiará mais se alcançar o poder. 

A Igreja é uma grande força nesse jogo de poderes, Bispos e Arcebispos, se utilizando de seu grande apoio entre a população delegam poder a seus preferidos para que no momento em que estes chegarem a um cargo importante dentro do governo seus interesses sejam ouvidos, interesses esse que muitas vezes não se relegam apenas a espirituais, mas também aos materiais, já que grande parte dos religiosos de renome são donos de castelos e terras. É nesse cenário que a construção de uma Catedral alcança o esforço de uma tarefa hercúlea da parte de todos os envolvidos.

É uma época difícil para as pessoas simples que ganham seu sustento através da terra e vivem sob o capricho de senhores cruéis em busca de lucro para a campanha de guerra civil que se avulta no horizonte sombrio do futuro. A trama acompanha a família de um pedreiro construtor em busca de trabalho que atravessa com a esposa grávida o país, um casamento desfeito entre a nobreza o faz perder seu ganha pão durante o inverno, de modo que famintos buscam asilo de aldeia em aldeia sobrevivendo com o mínimo possível. 

Um prior de uma pequena catedral do interior busca alcançar mais fundos na capital da fé Kingsbridge, um lugar outrora rico e encantador, mas que por má administração de seus prior atual jaz capengando sob as pernas que mal sustentam seu peso, mal sabe que a viagem que está prestes a empreender mudará sua vida para sempre. Muitos outros personagens surgem ao longo do caminho narrativo representando a nobreza e suas sutis maquinações, o lado negro da igreja. Ken Follett produziu uma obra de incomparável qualidade, com uma narrativa que mistura descrições de artimanhas no jogo pelo poder à épicas batalhas sangrentas em campos de guerra que atravessam os lares de camponeses. 

Um livro que traça um profundo perfil do ser humano medieval, a importância de religiosidade e sua influencia na psique humana, os horrores que eram impunemente cometidos, os atos cruéis cujos meios eram justificados pelo fim além de uma aula de história que se mistura suavemente a ficção. É um ótimo livro, ao mesmo tempo em que inspirador nos faz refletir sobre a tristeza e adversidades da vida. Leitura Recomendadíssima. Na lista de favoritos.

   
  Os Pilares da Terra (2012) | Ficha Técnica 
   Título original: The Pillars of the Earth (1989)
   Autor: Ken Follett
   Tradutor: Paulo Azevedo
   Editora: Rocco
   Páginas: 941 páginas
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   Nota:☠☠☠☠☠☠☠(10/10 Caveiras)

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